dentro do jardim o dia chega mais cedo ao fim - Alice Ruiz

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terça-feira, 28 de julho de 2009

Papel da Filosofia no Estudo da Educação


Não resta a menor dúvida de que uma das primeiras e mais importantes tarefas da filosofia da educação é a análise e clarificação do conceito de "educação". Fala-se muito em educação. “Educação é o caminho”, “educação é investimento”, “educação é para todos”, “as crianças hoje em dia não têm mais educação”,etc. Mas o que realmente será essa educação em que tanto se fala? Será que todos os que falam sobre a educação usam o termo no mesmo sentido, com idêntico significado? Dificilmente. Para os pais ela pode ter um significado, para empresários, outro, talvez ela não seja consenso nem mesmo entre os professores ( já ouvi um discurso em que a mesma professora dizia, em dois momentos distintos, aos mesmos alunos o seguinte: “eu não sou mãe de vocês, não tenho obrigação de aturar suas malcriações” e “as professoras são como suas mães, as segundas mães, vocês têm que respeitá-las”)... É a educação transmissão de conhecimentos? É a educação preparação para a cidadania democrática responsável? É a educação o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo? É a educação adestramento para o exercício de uma profissão? As várias respostas, em sua maioria conflitantes, dadas a essas perguntas são indicativas da adoção de conceitos de educação diferentes. Este fato, por si só, já aponta para a necessidade de uma reflexão sistemática e profunda sobre o que seja a educação, não do sentido epistemológico da palavra, mas sobre o conceito de educação, que é bem polissêmico.
Assim que se começa a fazer isso, porém, percebe-se que a tarefa de clareza e de elucidação do conceito de educação é extremamente complexa e difícil. Ela envolve não só o esclarecimento das relações existentes ou não entre educação e conhecimento, educação e democracia, educação e as chamadas potencialidades do indivíduo, educação e profissionalização, educação e família, igreja, etc. Envolve, também, o esclarecimento das relações que possam existir entre o processo educacional e os fundamentos teóricos pedagógicos, correntes de pensamento e tendências. Uma reflexão que tenha por objetivo o esclarecimento do sentido dessas noções, dos critérios de sua aplicação, das suas implicações, e da sua relação entre si e com outros conceitos educacionais é tarefa da filosofia da educação.
Não cabe à filosofia da educação, “fornecer instrumentos, técnicas e métodos para a formação do homem e para a construção de uma sociedade ideal” (Kuiava), mas acompanhar de forma crítica e reflexiva a ação pedagógica, para que se possa “abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum”(M. Chaui), fazer as perguntas necessárias para que a aprendizagem aconteça realmente: educar para quê? Qual é o objetivo da educação que está sendo implementado e/ou qual deveria ser? Que cidadão “queremos”(quem quer) formar? Ouso dizer, que talvez devêssemos começar com a pergunta “que educadores somos?”. Para que se tenha maior coerência e consistência da nossa ação é necessário que saíamos, nos elevemos do senso comum ao nível da consciência filosófica de nossa própria prática, o que implica detectar e elaborar o bom senso. Para isso precisamos confrontar nossas experiências pedagógicas significativas vividas com as concepções sistematizadas da filosofia da educação. Destaco “vividas”, pois temos um novo olhar quando se faz uma formação já tendo experiências, bem diferente de quando desconhecemos a realidade que se fala, que se aponta.
Carbonara nos remete de forma objetiva à importância do diálogo pedagógico, da escuta e da busca pela sistematização filosófica numa relação com todas as áreas do conhecimento, não apenas nas humanas. Fala na transdiciplinariedade e na interdisciplinariedade, movimento que percebo presente em nosso curso de Graduação - Licenciatura em Artes Visuais pela UFRGS, especificamente falando, mas que passa longe das Escolas, pelo menos na em que eu trabalho e nas em que já trabalhei, não apenas pelo “não querer” de alguns professores/educadores, mas pela forma como o sistema está organizado, um professor que têm vinte horas como professor de Artes, por exemplo, pode trabalhar em até quatro escolas diferentes para cumpri-las, e muitas vezes não participar das reuniões pedagógicas, que são onde os momentos de troca, de debates, de construção de PPP, Currículo, Planos de Estudo, conhecimento de realidades específicas da comunidade, dos alunos,etc, acontecem. O ideal seria que se conseguisse essa sintonia.
Assim como não se pode separar educação e vida, também não podemos separar teoria e prática. Nesse sentido, pensando nesse homem integral para o qual queremos contribuir para formar, não só como professores, mas como pais também, necessitamos refletir sobre a formação que recebemos e naquela que damos, nas perguntas que fazemos e nas que calamos(tanto as nossas como as dos alunos, filhos), na criticidade que se quer no educando, mas que às vezes nós não temos, ou a temos meio apagada...Essas reflexões são propostas pela filosofia da Educação, e não há respostas prontas, mas sempre haverão muitas perguntas.
Referências Bibliográficas:
ARANHA, Maria L. A. Filosofia da educação. Ed. Moderna, 1989
CARBONARA, Vanderlei. SAYÃO, Sandro. Fundamentos da Educação. Filosofia; Antropologia. V.l. Caxias do Sul, 2004, p. 63-84.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.
KUIAVA, Evaldo Antônio. Educação e Pedagogia. REGESD, 2009
O que é Filosofia. REGESD, 2009
O que é Filosofia da Educação. REGESD, 2009
SAVIANI,Dermeval. Contribuições da Filosofia para a Educação. Em Aberto. Brasília, ano 9. n. 45. jan mar 1990 - Artigo.

Educação e Pedagogia


Para Aranha “ a educação é um conceito genérico, mais amplo, que supõe o processo de desenvolvimento integral do homem”(físico, intelectual, moral, caráter, personalidade social), dentro de um contexto histórico social concreto, e a Pedagogia ( ou teoria geral da educação) é a ciência que traz o rigor conceitual, a sistematização dos conhecimentos, a fim de definir os fins a serem atingidos para tornar a prática mais eficaz para que se possa de fato promover esse desenvolvimento.

Bibliografia:
ARANHA, Maria L. A. Filosofia da educação. Ed. Moderna, 1989

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O que significa falar em Filosofia?


A Filosofia tem como papel a pergunta sobre o ser, sobre a razão existencial das coisas. Não é apenas o pensamento por si só, mas sim uma reflexão, para Saviani, reflexão – reflectere - que significa voltar atrás - é, pois, um re-pensar. Refletir é o ato de retomar (...). E é isto a Filosofia (Saviani, 1986, p. 23). A reflexão filosófica não acontece do nada, mas através da análise e da crítica pelo ser pensante, no exame do significado e dos fundamentos de conceitos, crenças, convicções e pressuposições básicas, mantidos por ele próprio ou por outros seres pensantes. A atitude filosófica, requer a habilidade de identificar, analisar e resolver os problemas.
Se há um espaço fértil para brotar a consciência filosófica e a reflexão crítica, esse espaço está na Educação. É nela que encontramos as contradições, as idéias, as vertentes teóricas, ideológicas e, a própria prática. Numa sociedade como a nossa, onde os valores humanos são reféns do modelo financeiro, onde “aquilo que todos fazem ou, mais terrível ainda, aquilo que todos pensam, nós tendemos a aceitar e incorporar como se fosse a realidade e a verdade, onde a repetição cria a ontologia: “É porque é”, “assim são as coisas...”” (Rubem Alves), se faz ainda mais necessário essa reflexão, para que possamos juntos pensar e caminhar na busca da implantação de projetos que possam significar mudanças para a vida dos nossos alunos e para as nossas também, tanto na escola como na sociedade.

sábado, 11 de julho de 2009

O Portfólio na Educação


O portfólio é um instrumento de construção de conhecimentos, tanto no processo de ensino, como no de aprendizagem, de uma forma diagnóstica e contínua, que acompanha e avalia um trabalho desenvolvido, onde se pode verificar e problematizar hipóteses em várias situações.
Portfólios de aprendizagem são mais do que coleções de informações importantes, são estratégias, são momentos incessantes de ação/reflexão/ação. Isso não quer dizer que o registro constante não seja necessário, é sim, e deve abranger diversas fontes:livros, revistas, jornais, internet, depoimentos dos outros envolvidos no trabalho_alunos, pais, comunidade, funcionários_ , anotações, pesquisa, dúvidas, conquistas, uma seleção de amostras do trabalho ,ou seja, a experiência escolar cotidiana.
Segundo Hernández (2000),
“o Portfólio é continente de diferentes classes de
documentos (notas pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais,
acompanhamento do processo de aprendizagem, conexões com outros temas fora
da escola, representações visuais, dentre outros) que proporciona uma reflexão
crítica do conhecimento construído, das estratégias utilizadas, e da disposição de
quem o elabora em continuar aprendendo. O Portfólio constitui uma forma de
avaliação dinâmica realizada pelo próprio aluno que mostra seu desenvolvimento e
suas mudanças através do tempo.”
Apesar do uso do Portfólio estar presente a mais de 20 anos nas Universidades, nas Escolas ele ainda é um instrumento pouco usado, ou usado de maneira incorreta, não tão abrangente, meio limitado. Como professora de 2º ano de alfabetização fiz com os meus alunos um “portfólio” de suas produções textuais, mas agora percebo que ele pode ser muito mais explorado, que ele precisa ser mais livre, oportunizando mais autonomia para que eles o organizem à sua maneira. Para iniciar o trabalho com os meus alunos em nossos pequenos Portfólios, usei os poemas de Carlos Urbim que deixo para que vocês se encantem com a simplicidade...

Caderno 1
Uma amiga
me deu
um presente
adorado:
um caderno de
papel
reciclado
nele escrevo
todo dia
o que digo
ser poesia
-que heresia!


Caderno 2
E agora neste caderno
eu invento
temas
para meus poemas